Autossabotagem: quais os sintomas e como tratar
Existem hábitos e padrões de pensamento que impedem muitas pessoas de avançar em direção à vida que desejam. Certas práticas de autossabotagem ficam tão arraigadas na rotina que, muitas vezes, passam despercebidas. Mas a boa notícia é que isso pode mudar.
Existem técnicas para superar essa armadilha e evitar que você trabalhe contra os próprios sonhos. Neste artigo, vamos mostrar o significado de autossabotagem e os sinais de alerta para esse problema. Você também terá acesso a dicas para lidar com ele da forma mais saudável possível. Acompanhe!
O que é autossabotagem?
O prefixo “Auto” provém do grego e indica algo que pertence a si mesmo ou é próprio de alguém. “Sabotagem” refere-se ao ato de impedir, prejudicar ou dificultar uma atividade.
Assim, a junção dessas palavras forma “Autossabotagem”, que consiste em um comportamento de agir contra si mesmo, atrapalhando ou prejudicando suas próprias tarefas ou objetivos.
Possíveis sinais que indicam que alguém está se sabotando são: nunca terminar projetos, conviver com longos episódios de procrastinação e fazer autocríticas negativas com frequência.
A psiquiatra Judy Ho, no livro Stop Self-Sabotage (“Pare a Autossabotagem”, em tradução livre), explica que a autossabotagem é algo emocional, mas que é, também, uma resposta biológica. O funcionamento ocorre de acordo com a seguinte lógica:
- há um aumento na dopamina (neurotransmissor do bem-estar) quando criamos metas de desempenho;
- quando chega a hora de executar essas metas, o medo do fracasso desencadeia um comportamento de evitação da ameaça percebida (que pode ser a ideia do fracasso ou a frustração que ele traria);
- como resultado, adotamos uma direção contrária às metas estabelecidas.
O conceito também está ligado, de forma direta, à noção comum do ato de sabotar, que significa bloquear ou prejudicar algo para que não funcione como pretendido. Na autossabotagem, essa ação de prejudicar os planos é voltada contra o próprio praticante.
Quais são os tipos de autossabotagem?
Comportamentos improdutivos vêm em todas as variedades. A forma como eles se manifestam depende do contexto, entre outros fatores. Confira, a seguir, alguns exemplos comuns de autossabotagem.
Procrastinação
Adiar o que se tem para fazer, em vez de mergulhar em um projeto, pode ser um grande problema.
Atrasar a ação pendente e se envolver em distrações é uma maneira de evitar estresse, ansiedade ou outros desconfortos. No entanto, isso traz consequências desagradáveis depois, como o atraso, acúmulo de tarefas e o fracasso em determinados projetos.
Perfeccionismo
O comprometimento com bons resultados é um traço produtivo de uma personalidade, mas a ideia persistente de que tudo precisa ser perfeito pode se tornar uma trava. Ela atrasa ou até impede o avanço em objetivos, ou que se desfrute de relacionamentos satisfatórios.
Estabelecer, para própria vida, padrões rígidos e elevados também pode impedir que as pessoas assumam riscos saudáveis. Pode, ainda, dificultar bastante a conclusão de projetos simples, que se tornam muito mais demorados que o esperado. Como resultado disso, também podem surgir alguns sintomas de burnout, como esgotamento e frustração contínuos
Autocrítica Excessiva
É normal ter aquela famosa voz dentro da cabeça, que questiona suas ações, pensamentos e características o tempo todo e faz críticas que muitas vezes nem são construtivas. No entanto, quando isso é muito frequente e excessivo, cuidado: talvez sua autocrítica esteja exacerbada e prejudicando você.
Essa “voz” talvez faça você pensar que não é bom o suficiente, ou que não vale a pena persistir nos seus objetivos. Se parece familiar, que isso sirva de alerta para uma possível autossabotagem.
A autocrítica também pode fazer com que o indivíduo ignore realizações pessoais ou profissionais e simplesmente não se orgulhe do que faz.
Se você sempre diz a si mesmo que não alcançou o suficiente na vida ou que uma vitória é irrelevante em comparação com as de outras pessoas, reveja. Esse tipo de sabotagem pode paralisar você tanto na vida pessoal como na profissional ou acadêmica.
Resistência a mudanças
A dificuldade de lidar com incertezas pode ser uma forma subjacente de ansiedade. Além disso, lutar contra quase qualquer tipo de mudança aponta para uma tentativa de permanecer na zona de conforto. O que não combina com progresso, concorda?
Alguns sinais de resistência a mudanças são:
- o apego a velhos hábitos;
- a eterna necessidade de criar desculpas (como “estar muito ocupado”);
- o hábito de criar metas sem tomar as medidas adequadas para alcançá-las.
Esse comportamento pode ser uma barreira para que as pessoas experimentem coisas novas, que possam levar ao crescimento pessoal ou profissional.
Autocuidado insuficiente
Não cuidar de si é uma forma de autossabotagem que pode impedir qualquer um de prosperar. Isso inclui maus hábitos alimentares, noites mal dormidas, déficits na higiene pessoal e ausência de atividade física.
Outra forma significativa de sabotar-se por meio da falta de autocuidado é evitar ir a um médico ou outro profissional da saúde — seja para cuidar de questões de saúde mental, seja para tratar de aspectos fisiológicos.
Uma versão mais extrema desse tipo de autossabotagem é envolver-se em comportamentos de risco, como a automedicação frequente e o consumo abusivo de álcool ou outras drogas.
Quais os sinais de que você está se sabotando?
A identificação com os exemplos apresentados anteriormente já é um indício forte de que você pode estar causando prejuízos para si, mesmo que não seja de forma intencional. Mas há algumas perguntas que você pode se fazer para investigar melhor:
- você costuma se sentir desmotivado quando está prestes a fazer algo importante?
- pensa com frequência que não é bom o suficiente para atingir um grande objetivo, como conseguir uma promoção ou dar continuidade aos estudos na pós-graduação
- critica com frequência os próprios comportamentos e se sente muito exigente comigo mesmo?
- tem o hábito de deixar as coisas para última hora?
- tem dificuldade em dizer “não” ou em colocar limites?
- tem dificuldade em pedir ajuda ou em confiar nos outros?
Se a resposta a essas perguntas for “sim”, você pode estar diante da autossabotagem. Em outras palavras, tem apresentado comportamentos negativos afastam você de objetivos de vida e prejudicam seu bem-estar, em geral.
Esses comportamentos podem se manifestar de maneiras muito diferentes em cada pessoa. Mas, como já deve ter notado, há indícios bastante recorrentes. Mais alguns grandes sinais de autossabotagem são:
- concentrar-se somente naquilo que não está funcionando ou não está certo e deixar de lado as coisas em que você tem sucesso;
- prender-se ao medo;
- sentir que não tem valor;
- comparar-se aos outros de modo excessivo, geralmente se vendo como inferior;
- assumir metas profissionais e prazos muito difíceis de colocar em prática — um sinal notório de autossabotagem no trabalho);
- descontar frustrações na comida, principalmente por meio do consumo excessivo de alimentos que fazem mal;
- ter dificuldades para criar relacionamentos duradouros, às vezes por medo ou baixa autoestima.
Todos são propensos a vivenciar essas situações vez ou outra. No entanto, quando esses sinais são recorrentes e os comportamentos nocivos para si tornam-se habituais, é necessário tomar consciência do que está acontecendo e começar a pensar em como evitar a autossabotagem.
Como vencer a autossabotagem?
Conscientizar-se sobre os próprios gatilhos é importante para evitar comportamentos improdutivos e prejudiciais. Veja, a seguir, algumas dicas úteis de como lidar com a autossabotagem.
Identificar os hábitos negativos
Uma vez que você desconfia que está se sabotando, o primeiro passo para interromper os comportamentos indesejados é reconhecer que eles existem. Busque, também, perceber quais são e como eles se fazem presentes na rotina. A partir disso, combater a autossabotagem já vai, aos poucos, se tornar uma tarefa mais simples.
Acompanhe metas com sabedoria
Criar um plano com etapas detalhadas para atingir um objetivo pode ajudar a manter o foco nas fases que levarão seus esforços até o final. Além disso, não deixe de comemorar cada etapa concluída. Pode ser algo pequeno: talvez um simples ato de bondade consigo mesmo. Mas a motivação que esse reconhecimento gera faz muita diferença.
Procurar ajuda
Quando se está imerso em uma situação, pode ser bem difícil resolvê-la por conta própria. Algo que vai ajudar muito você a superar a autossabotagem é buscar um profissional da Psicologia.
Em geral, psicólogos entendem bem como as armadilhas que alguém cria para si funcionam. E sabem como trabalhar para reverter a situação. Então, o acompanhamento terapêutico com uma pessoa qualificada é a forma mais eficaz de lidar com esse e outros problemas.
Quaisquer que sejam os pensamentos e comportamentos prejudiciais que você tenha, é essencial buscar meios de superá-los e viver de forma mais leve e saudável, sem criar empecilhos para si. Quer uma boa notícia? O fato de você tentar descobrir como vencer a autossabotagem já é um passo muito importante nessa jornada. Então, aproveite esse pontapé inicial e persista.
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